Circulas pelas redes sociais, principalmente no Whatsapp, mensagens pedindo para que manifestantes boicotem empresas que foram consideradas petistas por não aderirem aos movimentos contrários ao resultado das eleições de domingo (30) e que não colocassem adesivos com a bandeira do Brasil nas portas de seus comércios.

Nas mensagens, muitas com cunho ofensivas e de ameaça, internautas dizem que essas empresas “não merecem ter clientes que acreditam no Brasil”.

Outros dizem que empresas da “esquerda” devem ter lucos apenas "de petistas", classificados como “parasitas” e “vagabundos” pelos internautas extremistas.

As mensagens têm circulado com frequência após a derrota de Bolsonaro para o candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições. Mas, nas redes sociais rolimourenses, as mensagens ganharam força após uma reunião entre empresários na manhã de quinta-feira (3) ficar decidido que os apoiadores das manifestações iriam fechar as portas dos comércios na quinta, sexta e sábado passado.

Nesta segunda-feira (7), mais uma parte dos comércios fecharam suas portas em forma de protesto. Entretanto, nem todas as empresas quiseram fechar, o que tem causado mais "rebuliço" nas redes sociais. 

Um dos comentários contrários a essa “exigência” dos manifestantes reproduzia o lema de Jair Bolsonaro em suas campanhas: “Antes era ‘Brasil acima de tudo, Deus acima de todos’. Agora, por diferenças políticas, é deixar que ele e seus familiares passarem fome. Atitudes vergonhosas”.

Os comentários seguintes a este não serão reproduzidos devido a violência dos ataques.

Legalmente, trabalhadores não podem ser demitidos por ter ou manifestar sua opinião política. Dispensas ou represálias por conta de opinião política constituem prática discriminatória, contrária à Constituição Federal, que coloca como direito fundamental a livre manifestação do pensamento, sem privação de direitos por convicção política. Se um trabalhador se sentir pressionado por seu empregador, ele deve denunciá-lo.

Até o fechamento desta reportagem, nenhuma empresa havia denunciado a tentativa de boicote, tãopouco, haviam registrado boletins de ocorrência.

A Acirm, Associação Comercial e Industrial de Rolim de Moura, não se manifestou sobre o assunto. Sobre a reunião onde empresários decidiram fechar o comércio de quinta a sábado, a Acirm disse que o movimento foi organizado pelos próprios empresários e que a adesão é voluntária de cada comerciante. 

"A Acirm reforça que é contra qualquer manifestação de desrespeito as diferentes opiniões e se coloca a dispsição dos associcados que, por ventura, vierem a sofrer qualquer tipo de retaliação", afirma em nota.