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DF: Força Nacional intensifica segurança no presídio federal após vinda de Marcola

Transferência do principal líder do PCC para a capital da República pegou autoridades locais de surpresa

Fonte: www.metropoles.com - Em Polícia - 22/03/2019 04:18:00 hrs

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DF: Força Nacional intensifica segurança no presídio federal após vinda de Marcola

Penitenciária Federal do Distrito Federal passará a contar com um reforço na segurança a fim de abrigar o principal chefe do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola (foto em destaque). Instalado em um dos blocos do Complexo da Papuda desde às 14h20 desta sexta-feira, um dos maiores criminosos do País permanecerá na capital da República como “estratégia necessária para o enfrentamento e o desmantelamento de organizações criminosas”, de acordo com o Ministério da Justiça.

Assim como em Porto Velho, policiais da Força Nacional de Segurança Pública protegerão o perímetro da penitenciária federal. Outros três integrantes do PCC vieram no mesmo voo e vão ficar em Brasília: Cláudio Barbará da Silva, Patrik Wellinton Salomão, e Pedro Luiz da Silva Moraes, o Chacal. Além deles, já estão no presídio Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, o Marcolinha, irmão de Marcola; Antônio José Müller, o Granada; e Reinaldo Teixeira dos Santos, conhecido como Funchal ou Tio Sam.

A chegada dos criminosos ocorre no mesmo dia em que a Polícia Civil e o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) fazem operação contra a expansão da facção criminosa no DF. Algemados, os quatro foram colocados em um comboio fortemente armado, que segue para o presídio (fotos abaixo). Em fevereiro deste ano, Marcola, que estava cumprindo pena na Penitenciária II de Presidente Venceslau, em São Paulo, foi levado para Porto Velho, em Rondônia.

De acordo com o Ministério, “a ação é parte dos protocolos de segurança pública relativa à alternância de abrigo dos detentos de alta periculosidade ou integrantes de organizações criminosas, entre as unidades prisionais federais”.

 

A transferência de Marcola não foi comunicada com antecedência ao Governo do Distrito Federal (GDF). O avião Hércules da Força Aérea Brasileira (FAB) com o líder da facção pousou, por volta das 13h20, trazendo preocupação às autoridades brasilienses. O secretário de Segurança, Anderson Torres, fará uma reunião de emergência com o governador Ibaneis Rocha (MDB) na noite desta sexta-feira (22).

Segundo o secretário, devido à chegada inesperada, as forças locais não tiveram condições de fazer os preparativos necessários para evitar que a influência do líder criminoso gere insegurança na cidade. “Agora, precisamos de ajuda efetiva do Governo Federal, com recursos, equipamentos e pessoal qualificado. Isso é fundamental para nos adequarmos a essa nova realidade, que não estava prevista. O DF já enfrenta uma crise financeira e precisamos de apoio efetivo da União”, afirmou Torres.

Nossa Inteligência já mapeou que os presos atuais do presídio federal já causam impactos reais no DF. Não tenho dúvida que a tendência agora é que esta influência se agrave. Afinal, o líder do PCC agora está em Brasília"Anderson Torres, secretário de Segurança
O governador Ibaneis Rocha (MDB) ficou indignado com a novidade: “Eu tenho de zelar pela população brasiliense, por 186 representações diplomáticas, pelo Congresso Nacional, pelo Palácio do Planalto. É inadmissível aceitar a instalação do crime organizado na capital da República”. Segundo Anderson Torres, o governo está calculando o impacto da transferência e quais medidas deverão ser tomadas para garantir a segurança da população.

Preocupação
A Ordem dos Advogados do Brasil no DF (OAB-DF) também se manifestou contra. O presidente da entidade, Délio Lins e Silva Júnior, disse que a ida de presos como Marcola para qualquer penitenciária acarreta deslocamento das facções para as unidades da Federação. “Existe essa movimentação e crimes estão ocorrendo fora do padrão no DF. A preocupação da OAB é principalmente com a sociedade”, ressaltou.

“Acreditamos que a chegada do Marcola pode fortalecer os faccionados perante os outros criminosos de Brasília. A Polícia Civil vai continuar fazendo trabalho intenso para evitar a instalação dessa organização aqui”, ratificou o delegado Leonardo Cardoso, titular da Coordenação Especial de Repressão à Corrupção, ao Crime Organizado e aos Crimes contra a Administração Pública e Contra a Ordem Tributária (Cecor).

300 anos
Marcola foi preso pela primeira vez pela polícia paulista no final da década de 1990 por roubos a carros-fortes e bancos. Já na prisão, também foi condenado por formação de quadrilha, tráfico de drogas e homicídio. Até hoje, no entanto, Marcola nega que seja chefe da facção criminosa.

Recentemente, foi condenado a 30 anos de prisão no processo da Operação Ethos, que investigou o setor jurídico da organização criminosa e, com essa decisão, o total das penas impostas a Marcola já ultrapassa 300 anos.

Para justificar a transferência de Marcola de Presidente Venceslau, promotores do Ministério Público de São Paulo afirmaram que a organização planejava resgatá-lo. De acordo com eles, foram gastos dezenas de milhões de dólares no plano, investindo em logística, compra de veículos blindados, aeronaves, material bélico, armamento de guerra e treinamento de pessoal.

Após a transferência dos primeiros presos, em 13 de fevereiro, a Divisão de Repressão às Facções Criminosas fez sete prisões de integrantes do PCC. O reforço nas investigações teve início em 2014, ano em que o grupo criminoso deu início a um projeto de expansão nacional e passou a tentar se radicar na capital federal, segundo a Polícia Civil.

Desde então, já foram deflagradas seis grandes operações policiais, resultando na prisão de 270 integrantes da organização criminosa que atuavam na capital federal e em Goiás.

As últimas sete prisões ocorreram em Brasília, Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Minas Gerais. Os membros da facção presos no Distrito Federal foram capturados nas regiões administrativas de Samambaia e Ceilândia.

Organização
Diligências policiais apontam que a história do PCC em Brasília começou em 5 de março de 2001, após o chefe máximo da organização desembarcar no DF. Depois de peregrinar por diversos presídios do país, Marcola foi recolhido ao Centro de Internação e Reeducação (CIR). Apesar da estada ter sido curta – ficou encarcerado até 8 de fevereiro de 2002 –, deixou marcas profundas tanto na mentalidade da massa carcerária quanto na segurança pública candangas.

No curto período em que esteve na Papuda, Marcola criou um braço do PCC chamado pelos criminosos de Partido Liberdade e Direito (PLD). Investigadores identificaram que a facção havia sido criada nos mesmos moldes da organização paulista, inclusive em relação às regras contidas em seu estatuto.
A organização criminosa definiu uma série de terminologias para facilitar a comunicação dentro da Papuda. As ordens da cúpula eram transmitidas de dentro dos presídios pelos “torres”, bandidos responsáveis pelo repasse de informações aos “pilotos”, presidiários escolhidos para coordenar os integrantes do PCC que estavam atrás das grades.

Os levantamentos feitos pela polícia mapearam que o organograma do PCC seria rígido e semelhante a uma estrutura militar, com níveis de comando hierarquizados, divididos em escalões de acordo com o poder exercido pelos membros e suas respectivas funções. A organização criminosa ainda construiu uma rede de colaboradores, formada por advogados, familiares, namoradas de detentos e visitantes.

Conduzidas pelo regimento da organização, essas pessoas são responsáveis pela articulação dos interesses dos encarcerados fora dos presídios, dando suporte jurídico, psicológico e, principalmente, financeiro, inclusive com o gerenciamento de contas bancárias alimentadas com dinheiro faturado em ações criminosas.
Sobre as contas bancárias ligadas ao PCC, as apurações policiais apontam que apenas 20% delas estariam relacionadas a movimentações financeiras de alto valor, acima de R$ 100 mil. O restante seria feito por meio de pequenos depósitos.

Além das contas administradas pelos colaboradores da facção, grande parte dos recursos do PCC estaria ligada a empresas de fachada, como pequenas redes de supermercados, negócios imobiliários, restaurantes, agências de automóveis e até cooperativas de transporte de São Paulo.

Presídio novo
O Presídio Federal de Brasília foi inaugurado em outubro de 2018. Os três primeiros detentos a ocuparem a penitenciária integram o PCC. A penitenciária conta com 50 celas individuais erguidas em uma estrutura de concreto armado e monitorada 24 horas por dia.

Na unidade prisional, que fica no Complexo Penitenciário da Papuda, há circuito de câmeras com transmissões em tempo real, além de sensores de movimento e alarmes. Segundo o Departamento Penitenciário (Depen), o sistema conta com equipamentos capazes de identificar drogas e explosivos nas roupas dos visitantes, detectores de metais e sensores de presença, entre outras tecnologias.

Cada preso fica em uma cela individual de 6 m² e tem direito a duas horas de banho de sol por dia. Advogados e amigos poderão visitar os detentos no parlatório, enquanto os familiares terão acesso ao pátio. Será proibido o acesso a televisores, rádios e qualquer outro tipo de comunicação externa.
Os presídios federais cumprem determinações da Lei de Execução Penal (LEP) e começaram a ser construídos em 2006. As unidades recebem detentos, condenados ou provisórios, de alta periculosidade. O isolamento individual é destinado a líderes de organizações criminosas, presos com histórico de crimes violentos, responsáveis por fugas e rebeliões, réus colaboradores e delatores premiados.

Além da Penitenciária Federal de Brasília, existem outras quatro de segurança máxima no país: Catanduvas (PR), Mossoró (RN), Campo Grande (MS) e Porto Velho (RO).

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