A manhã desta segunda-feira (3) foi marcada por mais um episódio de tensão no campo rondoniense. Por volta das 9h30, um grupo de sem-terra invadiu a sede da Fazenda Nova Brasil, localizada na região do Distrito de Abunã, a cerca de 200 quilômetros de Porto Velho.

Segundo relatos de funcionários, os invasores atiraram contra veículos e prédios da sede antes de montar um acampamento dentro da área fundiária. Até o momento, não há informações sobre feridos, mas o clima é de apreensão entre trabalhadores e moradores da região.

A Fazenda Nova Brasil — também citada em alguns registros como Fazenda Norbrasil — está situada em uma zona de recorrentes conflitos agrários em Rondônia. O local tem histórico de disputas por posse de terra envolvendo a Liga dos Camponeses Pobres (LCP), organização presente em diversas áreas rurais do estado.
 
Nos últimos anos, a fazenda foi alvo de ocupações, denúncias de ataques e assassinatos de lideranças camponesas, o que a transformou em um dos símbolos da crise fundiária na Amazônia Ocidental.
 
Em 2021, a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), chegou a suspender uma ordem de reintegração de posse dos imóveis rurais “Fazenda Norbrasil” e “Gleba Arco-Íris”, onde viviam mais de mil agricultores em situação de vulnerabilidade. A decisão buscava evitar um confronto de grandes proporções entre policiais e famílias acampadas.
 
A propriedade, registrada com CNPJ ativo e atividade principal de incorporação de empreendimentos imobiliários, tem parte de suas terras voltadas a atividades agropecuárias, mas vem enfrentando paralisações e prejuízos em meio às disputas.
 
As autoridades policiais foram acionadas e devem se deslocar à área nas próximas horas para avaliar a situação e tentar negociar a desocupação.
 
Apesar da semelhança do nome, a Fazenda Nova Brasil não deve ser confundida com o município de Nova Brasilândia D’Oeste, que possui economia consolidada no agronegócio, pecuária e produção de café e não tem relação com os conflitos fundiários da região de Abunã.
 
A invasão reacende o alerta sobre a escalada de tensões agrárias em Rondônia, um dos estados com maior índice de disputas por terra na Amazônia Legal, cenário que há décadas desafia o poder público e expõe o drama social de centenas de famílias entre cercas, tiros e decisões judiciais.