18/04/2024 11:04 hrs
Economia
Fonte: G1 - Em Economia - 06/01/2021 10:05:00 hrs
O presidente Jair Bolsonaro afirmou na última terça-feira (5) a um grupo de apoiadores que o “Brasil está quebrado” e que ele não conseguia “fazer nada”.
O presidente deu a declaração durante uma conversa na saída da residência oficial do Palácio da Alvorada, antes de seguir para o trabalho no Palácio do Planalto.
Bolsonaro foi abordado por um apoiador. Ao responder a ele, fez uma avaliação pessoal sobre a situação do país. O presidente também disse que o coronavírus foi "potencializado" pela mídia.
A mudança na tabela do Imposto de Renda, mencionada por Bolsonaro, foi uma promessa de campanha do presidente. Hoje, a faixa de isenção é de R$ 1.903,98. A última atualização nos valores da tabela foi feita em 2015. Somente em 5 dos últimos 24 anos a tabela foi reajustada acima da inflação. Com isso, os valores estão defasados.
Em maio de 2019, Bolsonaro disse que reajustaria a tabela pela inflação daquele ano. Em dezembro de 2019, durante encontro com a imprensa no Palácio do Alvorada, ele voltou a falar no assunto e, dessa vez, defendeu que o limite de isenção subisse para R$ 3 mil. Até agora, porém, nenhuma mudança foi feita.
Economistas dizem que fala não se aplica ao Brasil
A equipe econômica não viu na declaração do presidente uma crítica ao trabalho do ministério. Para autoridades da pasta, Bolsonaro quis dizer que não há recursos para tudo que o governo gostaria de fazer em termos de gastos públicos.
Economistas de fora do governo ouvidos pelo G1 afirmaram que o conceito de "país quebrado" não se aplica ao Brasil. Segundo eles, o país estaria quebrado se não conseguisse pagar seus compromissos em dia nem captar dinheiro, o que não é o caso. Os economistas salientaram que cabe a Bolsonaro promover as reformas e medidas necessárias para evitar um cenário de quebradeira na economia.
"É surpreendente que o presidente da República dê uma declaração dessa porque ele tem todos os instrumentos na mão para propor os ajustes necessários para que o país não chegue nessa situação", diz a economista Ana Carla Abrão, sócia da consultoria Oliver Wyman.
Sócio da Tendências Consultoria e ex-ministro da Fazenda do governo José Sarney, Maílson da Nóbrega lembra que o país quebrou duas vezes no passado: em 1930, durante a Grande Depressão, e nos anos 1980, na crise da dívida externa. Hoje, afirma que o Brasil está "confortável" na questão internacional.
"Não é papel do presidente fazer uma declaração equivocada e por impulso de que o país está quebrado. O que vai pensar um investidor? O papel do presidente é liderar um conjunto de reformas em articulação com o Congresso para livrar o país desse destino de insolvência interna. E isso requer liderança", afirmou.
"Um país só quebra em casos extremos, com dívida em dólar, e quando não consegue captar para pagar serviço e juros. O Brasil não passa por isso", afirma Raul Velloso, especialista em contas públicas.
Situação crítica das contas públicas
A situação das contas públicas tem sido o principal nó da política macroeconômica do Brasil nos últimos anos. Desde 2014, o país gasta mais do que arrecada, acumulando sucessivos déficits primários e aumento do endividamento do país.
O quadro piorou com a pandemia provocada pelo novo coronavírus. Para mitigar os efeitos da crise sanitária, o governo teve de despejar dinheiro na economia para evitar um tombo ainda maior do Produto Interno Bruto (PIB).
Entre janeiro e novembro, por exemplo, as contas do governo apresentaram um déficit primário de R$ 699,105 bilhões. Foi o pior resultado para o período, da série histórica iniciada em 1997.
Reunião de última hora
O ministro da Economia, Paulo Guedes, interrompeu as férias para ir a uma reunião convocada de última hora pelo presidente Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto. Outros 16 ministros também foram chamados.
A reunião foi convocada depois que o presidente declarou, nesta terça-feira (5), que “o Brasil está quebrado” e que ele, Bolsonaro, “não pode fazer nada” e não constava na agenda do presidente.
O tema desta reunião não foi divulgado oficialmente. Além de Paulo Guedes, o presidente da Caixa Econômica, Pedro Guimarães, também estava presente.
Veja os ministros presentes na reunião com Bolsonaro:
18/04/2024 11:04 hrs
Economia
11/04/2024 12:01 hrs
Economia
09/04/2024 22:04 hrs
Economia
09/04/2024 19:12 hrs
Economia
TV TRIBUNA TOP