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Arroz e óleo a preço de ouro: entenda por que valor dos alimentos disparou no país

Especialistas dizem que não há nada que indique que os preços dos alimentos vão cair substancialmente, pelo menos, até o início de 2021

Fonte: G1 - Em Economia - 09/09/2020 09:09:00 hrs

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Arroz e óleo a preço de ouro: entenda por que valor dos alimentos disparou no país
Alex Ferreira

O preço dos alimentos foi destaque para a alta de 0,24% na inflação oficial do país em agosto, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (9). O Índice de Preços para o Consumidor Amplo (IPCA) subiu 2,44% em 12 meses enquanto a inflação dos alimentos subiu 8,83% no período.

Esta alta não tem apenas um alimento responsável, pois a maioria deles está com preços recordes no campo. Porém, dois chamaram a atenção nos últimos dias: o arroz, com valorização de 19,2% no ano, e o óleo de soja, que subiu 18,6% no período.

E para quem espera preços menores nos próximos meses, a expectativa dos especialistas não é otimista. Como estamos na entressafra, é difícil que os valores caiam tanto até o início de 2021.

De acordo com economistas ouvidos pelo G1, dois fatores explicam a alta dos alimentos:

Dólar alto: que incentiva os produtores a aumentarem as exportações, reduzindo, assim, a oferta de produtos no mercado interno;

Auxílio emergencial: benefício do governo federal estimulou o aumento do consumo. Este recurso foi direcionado, em grande parte, para a população mais pobre do país, que têm uma cesta de compras formada, em sua maioria, por produtos básicos, como alimentos.

Com dólar muito valorizado em relação ao real, a venda ao exterior se torna uma forte concorrente da indústria brasileira pela compra de produtos do campo. Ao mesmo tempo, deixa o custo de produção da agropecuária mais alto, já que boa parte dos insumos são cotados na moeda americana.

Enquanto as exportações totais do Brasil caíram 6,8% nos últimos 12 meses até julho, o agronegócio vendeu 3,8% mais, segundo o Ministério da Agricultura. A participação do setor na balança comercial do período subiu de 42,3% para 47,1%. A China responde por mais de 30% das compras.

Com isso, na prática, para que as empresas brasileiras consigam manter os alimentos aqui, é necessário pagar mais, e este valor acaba sendo revertido ao consumidor. Além disso, com uma boa quantidade de produtos sendo vendida a outros países, a oferta interna de mercadorias diminuiu, incentivando a elevação de preços.

Na outra ponta, a renda gerada pelo auxílio emergencial nos últimos meses permitiu que o repasse dos preços nas gôndolas dos supermercados fosse feito.

“Se não houvesse recurso, não haveria demanda que sustentasse o aumento de preços. De onde vem essa renda? De uma política fiscal expansionista, ou seja, do auxílio emergencial”, explica o economista Felippe Serigati.

“Estima-se que houve mais de 60 milhões de beneficiários, em uma sociedade de 210 milhões de pessoas, é expressivo. Essa transferência de renda conseguiu garantir que os domicílios tivessem recursos para adquirir esses alimentos”, acrescenta.

Mesmo assim, a alta está chegando a um nível preocupante, tanto que a Associação Brasileira dos Supermercados (Abras) disse, na última semana, que procurou o governo federal para “buscar soluções” sobre os reajustes dos alimentos.

“O setor supermercadista tem sofrido forte pressão de aumento nos preços de forma generalizada repassados pelas indústrias e fornecedores. Itens como arroz, feijão, leite, carne e óleo de soja com aumentos significativos”, afirma a Abras.
 
Ciente do problema, o governo brasileiro monitora a situação e garante que não haverá desabastecimento no país.

O presidente Bolsonaro pediu aos comerciantes para que as margens de lucro de produtos como o arroz fiquem "próximas de zero". O presidente acrescentou que não pretende tabelar preços.

“Tenho apelado para eles, ninguém vai usar a caneta Bic para tabelar nada, não existe tabelamento, mas pedindo para eles que o lucro desses produtos essenciais nos supermercados seja próximo de zero. Acredito que a nova safra começa a ser colhida em dezembro, janeiro, de arroz em especial, a tendência é normalizar o preço”, disse Bolsonaro.

Os 'vilões'

Não existe apenas um responsável pela alta expressiva dos alimentos neste ano. Segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP (Cepea), diversos produtos registram preços recordes no campo.

O prato feito do brasileiro, com arroz, feijão e carnes, está mais caro desde o início do ano.

“O arroz acumula alta de 19,25% no ano e o feijão, dependendo do tipo e da região, já tem inflação acima dos 30%. O feijão preto, muito consumido no Rio de Janeiro, acumula alta de 28,92% no ano e o feijão carioca, de 12,12%”, destaca Pedro Kislanov, gerente da pesquisa do IBGE.

Porém, dois alimentos da cesta básica estão chamando a atenção dos consumidores da cidade nas últimas semanas:

  • Arroz;
  • Óleo de soja.

A preocupação maior é em relação ao primeiro item. Nessa terça-feira (8), a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou que não vai faltar arroz no mercado.

"O arroz não vai faltar. Agora ele está alto, mas nós vamos fazer ele baixar, se Deus quiser vamos ter uma supersafra no ano que vem", declarou Tereza.

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) afirma que o produtor rural não é o responsável pelo aumento nos supermercados e que a alta se refere à recuperação de preços desses alimentos no mercado agropecuário.

"Esses aumentos têm sido acompanhados pela alta no custo de produção, o que demonstra que o produtor não está tirando vantagem sobre os outros elos da cadeia", diz o superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi.

Arroz 'salgado'

A pandemia e as exportações fizeram com que o preço arroz subisse muito nos últimos tempos. O primeiro movimento de grande procura ocorreu no início do período de isolamento social, quando a busca nos supermercados por alimentos básicos para serem estocados disparou.

Com isso, a indústria viu a necessidade de ir às compras, e os agricultores seguraram a venda do produto, enxergando aí uma oportunidade de valorizar o alimento, que vinha perdendo valor nos últimos anos.

De acordo com o Cepea, o preço pago no campo pelo arroz subiu 63% em agosto deste ano na comparação com o ano passado, um recorde. O IBGE afirma que o preço do alimento ao consumidor já subiu 19,2% no ano.

Se os brasileiros queriam estocar alimentos, houve um movimento semelhante no exterior. E as exportações de arroz em agosto cresceram 98% na comparação com o mesmo mês do ano passado.

Com isso, o preço do arroz ao consumidor, medido pelo Índice de Preço ao Atacado (IPA) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), já subiu 22,8% nos 12 meses encerrados em agosto.

Em São Paulo, um saco de 5 kg de arroz está custando mais de R$ 30, sendo que o preço costumava girar em torno dos R$ 15. Esse aumento recente fez a associação que representa as indústrias do setor (Abiarroz) reclamar, no fim de agosto, da dificuldade de compra do alimento, alegando que ele está concentrado na mão de poucos produtores.

Efeito auxílio emergencial

O auxílio emergencial alcançou uma grande massa de brasileiros. O programa social lançado durante a pandemia do novo coronavírus já beneficiou 67,2 milhões de pessoas, cerca de um terço da população do país.

E, de acordo com o economista Daniel Duque, que também é pesquisador da FGV, o auxílio fez com que o percentual do total de brasileiros na pobreza extrema caísse de 6,5%, em 2019, para 2,5% em 2020.

“Nos nossos melhores anos, como em 2014, por exemplo, essa taxa foi de 4%”, diz Duque.

“Quando a gente olha para a massa de rendimentos dos brasileiros (soma de todos os ganhos), 10% dela vem hoje do auxílio. Isso significa que a cada R$ 10 na economia, R$ 1,00 vem do benefício. E o gasto dessa população mais pobre é, basicamente, com alimentos. Então é de esperar que os preços aumentem mesmo”, conclui.

Próximos meses

Não há, hoje, nada que indique que os preços dos alimentos vão cair substancialmente, dizem economistas. Um dos motivos é que o país está no período de entressafra das principais culturas, e a produção começa apenas no fim deste mês, com colheita prevista para o início de 2021.

Outro ponto é que o auxílio emergencial foi prorrogado até o fim do ano. Mesmo com um valor menor, de R$ 300 e com mais restrições, essa fonte de renda vai continuar pressionando os preços dos alimentos.

"Em outras palavras, se alguém estiver esperando preços menores, eu não contaria com essa possibilidade. Estejam preparados para caminharem até o final em 2020 (com preços mais altos)", resume Felippe Serigati.

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