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Empregada vai passear com cachorro, deixa filho com patroa e menino morre ao cair de prédio

Segundo delegado, mulher, que não teve nome divulgado, foi presa em flagrante, mas pagou fiança de R$ 20 mil e responderá em liberdade.

Fonte: G1 - Em Polícia - 04/06/2020 03:23:00 hrs

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Empregada vai passear com cachorro, deixa filho com patroa e menino morre ao cair de prédio
Reprodução

Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, morreu, nesta terça-feira (2), após cair do 9º andar de um prédio no bairro de São José, no Centro do Recife. Segundo a Polícia Militar, o caso ocorreu às 13h, no Condomínio Píer Maurício de Nassau, um dos imóveis do conjunto conhecido como "Torres Gêmeas". A mãe dele, Mirtes Renata, trabalhava como empregada doméstica no quinto andar do prédio.

O perito criminal André Amaral, que esteve no local para as primeiras investigações, informou o menino caiu de uma altura aproximada de 35 metros. Para Amaral, os vestígios apontam para um acidente. A perícia identificou, por meio das imagens de câmeras de segurança, que ele apertou diversos botões do elevador. "Disseram que ele estava procurando a mãe", disse o perito.

A PM informou, por meio de nota, que a vítima foi socorrida pela mãe e por um médico, que mora no edifício. A criança ainda estava viva quando foi socorrida, mas morreu logo em seguida. Ela foi levada para o Hospital da Restauração (HR), no bairro do Derby, também na região central da capital pernambucana.

Perícia

O perito André Amaral informou que foram encontrados vestígios da criança no hall de serviços, precisamente na casa de máquinas, na parte da condensadora do ar-condicionado. "Havia marcas de sandália de uma pessoa de 1,2 metro de altura, compatível com a altura da criança", afirmou.

Amaral contou que o menino subiu no para-peito que dá acesso a uma casa de máquina, escalando uma altura de 1,2 metro. "Ele chegou ao guarda-peito, que é de alumínio. A quarta aleta dessa grade, que tem marca, quebrou", disse.

O profissional disse, ainda, que ele saiu do quinto e chegou ao nono andar. "Temos imagem dele até o nono andar. Ele estava sozinho no elevador. Ele desceu até o hall", informou. O perito não soube precisar se acriança estava só no apartamento do quinto andar, onde a mãe trabalha. "Só as investigações vão dizer isso. Só com o delegado", afirmou.

O perito também afirmou que a porta do nono andar e a janela estavam abertas. "A área de acesso não tinha proteção. Qualquer pessoa pode ter acesso. Mas não é comum uma criança ter acesso a uma área daquela. É uma área comum", disse.

Empregada vai passear com cachorro, deixa filho com patroa e menino morre ao cair de prédio

Mãe do menino havia saído no momento do acidente

Segundo a polícia, Mirtes, mãe do menino, havia saído para passear com o cachorro dos patrões, deixando a criança com a patroa. Na coletiva, o policial afirmou que a moradora teve participação no caso. De acordo com o delegado, a dona do apartamento, patroa da mãe de Miguel, "era a responsável legal pela guarda momentânea" do menino.

Ainda segundo o delegado, é um caso típico previsto no Artigo 13 do Código penal, que trata de ação culposa, por causa do não cumprimento da obrigação de cuidado, vigilância ou proteção. "Ela tinha o dever de cuidar da criança. Houve comportamento negligente, por omissão, de deixar a criança sozinha no elevador", explicou.

A empregadora de Mirtes foi autuada por homicídio culposo, quando não é considerado intencional. A polícia considerou que ela agiu com negligência e deverá responder ao processo em liberdade. Ela chegou a ser presa em flagrante, mas pagou fiança de R$ 20 mil e acabou sendo liberada na delegacia.

Ela não teve o nome divulgado pela polícia. Um dia após a entrevista coletiva da polícia, a mãe do menino, Mirtes Renata, informou que os patrões são o prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker, e a mulher dele, Sari Corte Real.

Empregada vai passear com cachorro, deixa filho com patroa e menino morre ao cair de prédio

O delegado informou que câmeras do circuito interno de segurança do condomínio mostram o momento em que a mulher permite que Miguel entre sozinho no elevador. "Ela ainda aperta em um dos botões no alto no painel do equipamento, em um andar superior ao do apartamento onde residia", afirmou. As câmeras de segurança do condomínio mostram também que Miguel desceu no 9º andar, sozinho. A polícia acredita que ele se perdeu ao procurar a mãe.

Revolta

"Se fosse eu, meu rosto estaria estampado, como já vi vários casos na televisão. Meu nome estaria estampado e meu rosto estaria em todas as mídias. Mas o dela não pode estar na mídia, não pode ser divulgado", foi o desabafo foi feito por Mirtes.

"Ela confiava os filhos dela a mim e a minha mãe. No momento em que confiei meu filho a ela, infelizmente ela não teve paciência para cuidar, para tirar [do elevador]. Eu sei, eu não nego para ninguém: meu filho era uma criança um pouco teimosa, queria ser dono de si e tudo mais. Mas assim, é criança. Era criança", disse a mãe.

Ao longo de toda a pandemia, Mirtes e a mãe continuaram trabalhando para o casal. A família dos patrões optou por se isolar em Tamandaré, no Litoral Sul. "Ela disse que a gente não era obrigado a ir. A gente foi porque precisa trabalhar, precisa ganhar nosso salário para pagar as contas e também que 'mainha' é grupo de risco", explicou.

Quando o prefeito divulgou que teve Covid-19, ela também havia sido diagnosticada com a doença. Mirtes relatou que, após exames, foi constatado que a mãe dela e o filho também tiveram, mas com sintomas muito leves. Depois de um tempo em Tamandaré, todos voltaram a Recife.

Mirtes relatou que o passeio foi rápido e próximo ao edifício, localizado no bairro de São José. De volta ao prédio, estava buscando uma encomenda quando soube que alguém havia caído. Correu para ver quem era e descobriu que era o filho, Miguel. "Vi meu filho ali, estirado no chão", lembrou, acrescentando que gritou por socorro. "Não demorou muito e tivemos a notícia que meu filho virou estrelinha, que está lá com Jesus e Maria. Está lá no colo de Maria", lamentou.

O vídeo mostrou Sari Corte Real dialogando com a criança. Em dado momento, ela coloca a mão sobre os botões do painel do elevador.

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"Só vi ela [sic] botando a mão no botão da cobertura. Pelo que percebi no vídeo, era o da cobertura. Mas não posso confirmar que aquele botão foi acionado porque eu não vi a luz. Porque, quando aperta os botões, acende a luzinha. Alguns acendem mais forte, outros mais fraco. Independente de ter acionado ou não, não era para ter deixado ele dentro do elevador", declarou.

A avó de Miguel, Marta Santana, afirmou que ainda não consegue lidar com o ocorrido, mas que vai encontrar forças. "Meu único neto. Eu estou sem reação, mas preciso ser forte para estar do lado dela [Mirtes], apoiar e a gente fazer justiça por Miguel", afirmou a avó.

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